Outro dia li um anúncio na internet que me embrulhou o estômago. Em meio a críticas e polêmicas, um site de cursos profissionalizantes prometia em pouquíssimo tempo e com baixíssimo “investimento” formar profissionais de jornalismo pela internet e para a internet.
Sem pensar muito, cliquei no link que me direcionou ao tal site para ver do que se tratava acreditando ser só mais uma piadinha dos meus colegas de classe. Enquanto a página não abria fiquei rindo do anúncio (ainda acreditando ser uma brincadeira) e pensando na minha trajetória, ainda incompleta, no curso de jornalismo. Pensei nas manhãs chuvosas em que eu acordei cedo para assistir às aulas, no ônibus lotado de todos os dias, na fila da biblioteca, na falta de grana pro xérox, nas noites mal dormidas nas épocas de prova, nos trabalhos de grupo que sempre acabavam em brigas, enfim, pensei em uma série de momentos em que tive que contrariar a minha própria vontade (e que vontade!) de ficar em casa para ir pra aula.
Lembro da aula de jornalismo on line que coincidiu, justamente, com o fim da minha novela preferida. Lembro da cobertura de um evento em que eu tive que fotografar, twittar, gravar um vídeo e ainda redigir um texto sentada no chão (sujo e frio) disputando o lugar com uma baratinha que parecia querer me expulsar de seu glorioso recinto, e ainda rezando (muito) pra bateria do notebook durar o suficiente para postar a matéria.
Download completado e eu lá, feliz com as minhas lembranças até que percebi que não se tratava de uma brincadeira. E não é que o tal do curso de jornalismo on line em 24 horas era mesmo de verdade! Levei um choque tão grande que minha capacidade de raciocínio sumiu por alguns instantes. Fiquei sem saber o que pensar, foi como se meu corpo astral tivesse sido deslocado para um outro plano espiritual, ou seja, viajei completamente na maionese.
Em grandes e coloridas letras a primeira frase do anúncio dizia: “Não precisa mais de diploma!”. Só esta primeira frase já me arrancara o fôlego, mas como se não bastasse, uma segunda frase veio ainda mais avassaladora, tirando agora, a minha capacidade de respirar. E a frase dizia: “Seja um web jornalista em 24 horas!”.
Me lembrei de um quadro do programa humorístico Casseta e Planeta veiculado na Rede Globo com os lançamentos dos fantásticos produtos das organizações Tabajara.
Aquele anúncio estava tão sedutor que faltou apenas um locutor com uma voz também muito sedutora dizer: “Essa é mais uma das... organizações Tabajara!”.
Pensei em todos os meus problemas, e dos meus colegas também, e agora mais que revoltada pensei: “Depois de tudo que passei, e ainda passo (e ainda vou passar), como pode um web site de cursos profissionalizantes prometer formação para um web jornalista em apenas 24 horas? Como se fosse mágica alguém pudesse almejar a tão desejada profissionalização em tão curto período de tempo?
Em um piscar de olhos, em um único só dia: e enquanto você dorme, passeia ou navega na internet, alguém está se tornando um jornalista por aí. Fazer o q, essa é a grande vantagem da modernidade: Você acorda conzinheiro e pode ir dormir jornalista!
Isto é Brasil!
Sem pensar muito, cliquei no link que me direcionou ao tal site para ver do que se tratava acreditando ser só mais uma piadinha dos meus colegas de classe. Enquanto a página não abria fiquei rindo do anúncio (ainda acreditando ser uma brincadeira) e pensando na minha trajetória, ainda incompleta, no curso de jornalismo. Pensei nas manhãs chuvosas em que eu acordei cedo para assistir às aulas, no ônibus lotado de todos os dias, na fila da biblioteca, na falta de grana pro xérox, nas noites mal dormidas nas épocas de prova, nos trabalhos de grupo que sempre acabavam em brigas, enfim, pensei em uma série de momentos em que tive que contrariar a minha própria vontade (e que vontade!) de ficar em casa para ir pra aula.
Lembro da aula de jornalismo on line que coincidiu, justamente, com o fim da minha novela preferida. Lembro da cobertura de um evento em que eu tive que fotografar, twittar, gravar um vídeo e ainda redigir um texto sentada no chão (sujo e frio) disputando o lugar com uma baratinha que parecia querer me expulsar de seu glorioso recinto, e ainda rezando (muito) pra bateria do notebook durar o suficiente para postar a matéria.
Download completado e eu lá, feliz com as minhas lembranças até que percebi que não se tratava de uma brincadeira. E não é que o tal do curso de jornalismo on line em 24 horas era mesmo de verdade! Levei um choque tão grande que minha capacidade de raciocínio sumiu por alguns instantes. Fiquei sem saber o que pensar, foi como se meu corpo astral tivesse sido deslocado para um outro plano espiritual, ou seja, viajei completamente na maionese.
Em grandes e coloridas letras a primeira frase do anúncio dizia: “Não precisa mais de diploma!”. Só esta primeira frase já me arrancara o fôlego, mas como se não bastasse, uma segunda frase veio ainda mais avassaladora, tirando agora, a minha capacidade de respirar. E a frase dizia: “Seja um web jornalista em 24 horas!”.
Me lembrei de um quadro do programa humorístico Casseta e Planeta veiculado na Rede Globo com os lançamentos dos fantásticos produtos das organizações Tabajara.
Aquele anúncio estava tão sedutor que faltou apenas um locutor com uma voz também muito sedutora dizer: “Essa é mais uma das... organizações Tabajara!”.
Pensei em todos os meus problemas, e dos meus colegas também, e agora mais que revoltada pensei: “Depois de tudo que passei, e ainda passo (e ainda vou passar), como pode um web site de cursos profissionalizantes prometer formação para um web jornalista em apenas 24 horas? Como se fosse mágica alguém pudesse almejar a tão desejada profissionalização em tão curto período de tempo?
Em um piscar de olhos, em um único só dia: e enquanto você dorme, passeia ou navega na internet, alguém está se tornando um jornalista por aí. Fazer o q, essa é a grande vantagem da modernidade: Você acorda conzinheiro e pode ir dormir jornalista!
Isto é Brasil!
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